O caso da costureira, que ficou quatro dias na Unidade de Pronto Atendimento de Ourinhos (UPA24) aguardando um leito para se transferir e ser atendia na Santa Casa de Misericórdia Ourinhos, na última semana, ainda repercute na cidade (reveja a matéria clique aqui). O Passando a Régua teve acesso a dados da Santa Casa e descobriu o valor que a Prefeitura de Ourinhos repassa ao hospital, que não ultrapassa os R$350.000,00 mensais e não seria suficiente nem mesmo para a contratação de cinco especialidades médicas, que custam à Santa Casa cerca de R$400.000,00 mensais.
A Prefeitura de Ourinhos é gestora regional da Santa Casa e recebe os valores vindos do governo Federal e do governo Estadual e repassa ao hospital para atendimento de quatro leitos de urgência e emergência, que atendem 62 municípios, através do CROSS (Centro de Regulação de Ofertas de Leitos de Serviços Saúde) e da UPA de Ourinho. A Santa Casa, por conta própria arca e disponibiliza nove leitos que custam R$100.000,00 mensalmente ao hospital. Ou seja, todos os meses a Santa Casa tira dos seus próprios recursos mais de R$150 mil para cobrir despesas que não seria de sua obrigação custear.
Na última Sessão Ordinária, na Câmara Municipal de Ourinhos, o vereador Cido do Sindicato (PSD) chegou a questionar a informação de que a Santa Casa de Ourinhos teria apenas quatro leitos de urgência e emergência e que na verdade seriam até 15 leitos, porém o vereador omitiu a informação de que quem custeia os leitos excedentes é a própria Santa Casa e não há contrapartida de qualquer município, inclusive o município de Ourinhos.
Vereador Cido do Sindicato (PSD) fez discurso defendo a Secretaria Municipal de Saúde, mas não citou a retirada dos leitos exclusivos para Ourinhos e o fato da Santa Casa arcar com os valores dos leitos excedentes (Foto: Reprodução)
Leitos exclusivos para Ourinhos
Em outras gestões, a Prefeitura de Ourinhos custeava nove leitos exclusivos para pacientes da cidade, para atender a urgência e emergência. Para ter os leitos, a cidade pagava um pouco mais de R$90 mil por mês, mas o repasse deixou de ser feito à Santa Casa nesta gestão desde 2017, o que faz com que pacientes da cidade tenham que disputar vagas com pacientes de outras localidades, mesmo a Santa Casa de Ourinhos custeando os nove leitos excedentes.
Houve uma tratativa com a Secretaria Municipal de Saúde de Ourinhos, mas que não avançou. A diretoria do Hospital chegou a propor o valor de R$110 mil mensais para colocar os nove leitos à disposição exclusivamente para o município, porém não houve acordo e a população fica dias na UPA aguardando a liberação de um leito no hospital.
O vereador Abel Fiel (PTC), em entrevista ao repórter Gera Laperuta, na última segunda-feira, 7, chegou a dizer que existiria um impedimento jurídico e que a Prefeitura não poderia contratar leitos exclusivos devido à uma Lei. Porém isso é uma inverdade e não há impedimento algum de se contratar leitos exclusivos para os munícipes de Ourinhos, basta apenas vontade e competência política. Já que dinheiro o município parece ter, pois recentemente fez um aporte de R$ 2.305.558,01, à Organização Social Pró – Vida, que administra a UPA e reajustou o contrato pelo valor de R$ 15.338.633,64 (quinze milhões, trezentos e trinta e oito mil e seiscentos e trinta e três reais e sessenta e quatro centavos), em doze meses, o que corresponde a R$1.278.219,47, por mês, um acréscimo de 27,2% de aumento.
Vereador Abel Fiel (PTC) se confundiu com informação de que existe uma Lei que proibe contratar leitos exclusivos para o município (Foto: Reprodução)