A Justiça revogou nesta quarta-feira, dia 12 de julho, a prisão do torcedor do Flamengo Leonardo Felipe Xavier Santiago, de 26 anos, preso pela morte da torcedora do Palmeiras Gabriela Anelli, no sábado (8).
"Ao contrário do noticiado e afirmado pelo delegado de polícia, o autuado não confessou ter arremessado a garrafa contra os torcedores do time adversário. [...] Em seu interrogatório negou que tivesse jogado qualquer objeto de vidro contra os torcedores palmeirenses, afirmado que tinha pedras de gelo nas mãos, as quais arremessou em revide a rojões que os palmeirenses teriam jogado contra os flamenguistas", justificou a Marcela Raia de Sant’Anna, da 5ª Vara do Júri.
Santiago foi preso e indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por homicídio doloso consumado. Ele foi liberado por volta das 17h40 do Centro de Detenção Provisória 4 de Pinheiros, em São Paulo.
Segundo a decisão da Justiça:
"A pessoa que arremessou a garrafa contra os torcedores palmeirenses trata-se de um homem que possui barba, sendo, portanto, fisicamente diferente do autuado, além de vestir camisa clara, diversa da camisa do time do Flamengo que o autuado vestia quando foi preso";
"Tudo indica, portanto, que a garrafa que vitimou fatalmente Gabriella foi arremessada por outra pessoa que não o autuado, o que enseja a imediata revogação de sua prisão preventiva, com o prosseguimento das investigações para que o verdadeiro autor seja identificado, bem como para que eventual participação do autuado seja apurada".
Além disso, a juíza determinou que o caso passe a ser investigado pelo DHPP. Na decisão ela fala sobre a postura do delegado que investigou o caso (leia mais abaixo sobre o andamento da investigação).
"Diante da lamentável, para dizer o mínimo, postura do delegado de polícia, que se mostrou açodado e despreparado para conduzir as investigações, de rigor é a remessa dos autos ao DHPP, órgão especializado e preparado para a condução de investigações desta espécie", destacou a magistrada.
O Ministério Público de São Paulo havia pedido a liberdade na manhã desta quarta. De acordo com o promotor Rogério Leão Zagallo, as provas não cravavam que Santiago jogou a garrafa de vidro que atingiu o pescoço e matou Gabriela.
"Ao que tudo está a indicar, a garrafa que teria gerado a morte de Gabriella não foi lançada por Santiago, mas por esse torcedor que apresentava o rosto barbado e vestia camisa cinza", defendeu Leão, ao pedir a soltura do torcedor.
Em seu pedido à Justiça, o promotor alegou que a Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade) perdeu a credibilidade para seguir à frente do caso. Ele pediu que a investigação seja repassada para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), também da Polícia Civil de SP.
"Por outro lado, para além da inexistência da confissão anunciada pelo Delegado de Polícia César Saad, as imagens que aportaram nesta Promotoria de Justiça evidenciam a necessidade de que a investigação prossiga", afirma Rogério Leão, ao se referir ao atual delegado responsável pela apuração do crime.
As informações são do g1
Morte de Gabriela
Gabriela, que estava internada na Santa Casa em estado grave, não resistiu aos ferimentos e morreu dia 10. A informação foi confirmada pelo irmão dela, Felipe Marchiano, em publicação no Instagram, na ferramenta Stories (mensagens que ficam disponíveis por 24 horas).
“Obrigado a todos que oraram pela minha irmã, mas ela foi morar com o papai do céu. Tem coisas que acontecem que estão além do nosso limite de entendimento, sei o quanto você lutou cada segundo, e você de fato sempre foi uma guerreira, olhe por nós do céu e proteja a nossa família”, escreveu Felipe.
O Palmeiras, time do coração da jovem, também se manifestou, em postagem no Twitter.
“Não podemos aceitar que uma jovem de 23 anos seja vítima da barbárie em um ambiente que deveria ser de entretenimento. Manifestamos solidariedade à família da palmeirense e cobramos celeridade na apuração deste crime, que fere a nossa razão de existir e compromete a imagem do futebol brasileiro”, diz a publicação do Verdão.
Fonte: Agência Brasil