Crônica do Vivan: Bailes e festas de uma Ourinhos do passado

Relembre como os jovens se divertiam nas décadas passadas na cidade de Ourinhos.
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Dia de Baile

Loucura mesmo era em dia de baile, nos encontros que antecediam o evento em muitas vezes eram em casa. Minha mãe recebia bem a nossa algazarra regada à goró e até emprestava suas panelas, talheres, caldeirões e frigideiras para inteirar na batucada, até o ralador às vezes era usado de reco-reco.

De lá saíamos para os clubes, já calibrados, tinha sábado ou véspera de feriado de dois e até três bailes.

Se fosse no Grêmio e nos Terríveis, dava para ficar circulando entre um e outro e ainda usar de ponte a Pão e Vinho que já era um costumeiro ponto de encontro, mas às vezes dávamos uma escorregada ao Seleto para tomar um Rabo de Galo.

Quando era só no grêmio, os encontros eram no Jaracatiá ao lado, que além da variedade de batidinhas e bebidas em geral, tinha uma famosa coxinha e o excelente churrasquinho do Bueno e outros sanduiches.

Já os Terríveis era anexado ao Bar do Tide, que tinha um amplo espaço com mesas de bilhar, bebidas e cigarros, em algumas vezes, passávamos direto para o clube que tinha um grande salão com assoalho de tábuas corridas muito liso, uma vez que ali anteriormente tinha sido pista de boliche.

Em dia de três, sempre acabava no Palmeirinhas que normalmente ia até mais tarde, na verdade nos bailes de lá, ficávamos até o Sol raiar, só que do lado de fora, combinando novos encontros e tentando curar o porre para poder ir para casa, na maioria das vezes andávamos à pé, por ali tinham muitos bares, um dos mais frequentados era o do Joel.

Me lembro dos Falcões, formado por um time de footbol, este durou poucos bailes, mas fervia, era localizado onde hoje é o estacionamento do Bradesco, época em que também frequentávamos o Rancho Alegre que ficava onde está o Santander.

No clube dos Jovens Reunidos, que depois virou o Comunitário na Vila Odilon, famoso pelas brigas, eu costumava ter acesso sem problemas, por ter uns amigos por lá, mas para quem chegasse tirando onda, era comum apanhar ou sair correndo.

Tinha também o Juventude no final da Vila Perino, me lembro de poucos bailes neste clube mas não me sai da lembrança suas luminárias coloridas em forma de sino de boca para cima nas paredes.

Nos bailes fora, nas cidades vizinhas as penetrações eram sem pagar, dando o nó no porteiro com conversas e falsas carteiradas ou pulando muros. Também acabavam em brigas na maioria das vezes.

As lotações eram feitas em um bar, acertando as inteiras do combustível e o compartilhamento de bebidas, era comum o motorista dirigir alcoolizado o que às vezes culminava em acidentes, quando era no Paraná, em muitas vezes a culpa foi atribuída à "loira da Pedra Criminosa" que aparecia na curva perigosa e causava o desastre.

Tinha baile do Havaí em clube de campo que a gente acabava com melancia e tudo dentro da piscina.

Acontecia também de desencontrar da carona e ter que esperar para voltar de ônibus ou trem, causando grandes preocupações aos pais pelo atraso não muito costumeiro para chegar em casa.

Mas chique mesmo eram as bebidas de baile, a famosa Cuba Libre, o Hi-Fi, a Menta, o Chuvisco, o Samba e outras, bonito era o Gin Tônica na luz negra, reluzia em um fluorescente fantástico.

E o tradicional Whisky, o qual às vezes conseguíamos a segunda dose de graça, quando já no final jogávamos uma mosca no copo e chamávamos o garçom para reclamar ameaçando fazer alarde e na maioria das vezes dava certo.

No bolso da camisa, ia vazando para cima o maço longo de cigarro americano de contrabando, no meu caso era sempre o Benson & Hedges ou o Kent, mas tinham outras marcas, quando de camiseta, eram levados no cano da meia.

Tem coisa que eu fazia meio secretamente, era a fase de cabelo comprido e o meu não era muito liso, para resolver eu fazia uma toca com meia de seda de mulher, para dormir na noite anterior, isto o deixava lisinho. Já a minha irmã por ainda não ter chapinha, alisava seus longos cabelos com ferro de passar, por cima de uma folha de jornal.

Onde era o Grêmio, virou Igreja Universal e atualmente uma loja departamental, nos Terríveis é uma loja comercial, a Pão e Vinho e o Joel continuam lá, no Palmeirinhas é o Sindicato Rural, o Juventude, o Reunidos, o Seleto, o Jaracatiá e outros como a Lanchonete Paulista, a Bambi (antiga Padaria Oriente), o Bar do Português, também foram ocupados por atividades comerciais e a maior parte já teve sua arquitetura alterada.

Aos poucos os tradicionais conjuntos musicais foram rareando, já não se ouvia mais falar em bandas regionais como: Solfas, Mac Rybell, Merlin's Message e muitas outras e nem nas notórias: Três do Rio, Super Som T.A., Pholhas ... que também passaram por aqui e aos poucos foram sendo substituídas por equipamentos eletrônicos e outros recursos, descaracterizando nossos saudosos bailes.

Em um segundo momento, o Tênis Clube, o Ourinhense e o Diacuí, clubes balneários da cidade, resgataram os bailes e ainda os mantiveram por um bom período.

Mas como a mudança é inerente ao tempo, hoje é quase tudo saudades.

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