Lembro bem daquela praça quando ainda era o ponto mais procurado da cidade, seus bancos sem encosto naquela fase, eram disputados pelos assíduos frequentadores, plantonistas à procura de novidades, que minavam dos cafés adjacentes, Paulista, Paratodos, Central...
Transitavam o bilheteiro e os engraxates, entremeios aos usuários amiudados dali, oferecendo serviços e o cupom da sorte.
A banca que mudou de lugar cedendo o espaço à guarita da polícia, oferecia o material impresso, para a atualização das notícias, alvo principal das conversas desenroladas naquele espaço.
Esvaziava no horário do almoço, salvo o costumeiro movimento no Bar Seleto que dispunha de uma excelente comida, (especialidade em bisteca bovina), para quem almoçava por ali.
A Praça Mello Peixoto hoje após a reforma feita em meados de 2011 e 2012 (Foto: Laperuta)
A maioria ia para casa e não voltava mais naquele dia, só iriam completar as informações na Hora do Brasil e nos tendenciosos noticiários do rádio ou nos fantasiosos jornais televisivos, peneirados e controlados pela censura do regime político vigente.
Mas eu não, eu voltava, na verdade o mais legal era à tarde, no informal, rolavam notícias mais confiáveis no boca à boca, os cafés mais vazios, o movimento começando no Tiro ao Alvo montado no espaço cedido pela Igreja demolida (injustamente, indevidamente) (?), (deixe aqui...o seu recado). O meu é que a história se perde no tempo quando não se valoriza e preserva o passado.
Valia a pena, eu era bom no tiro de rolha (o segredo era molhar a munição, ficava mais pesada) e normalmente conseguia um Minister ou Holywood pela metade do preço do maço.
Dalí eu ia matar a tarde no Bar do Tide, jogando ou sapeando partidas de bilhar, onde iria encontrar grandes amigos e continuar atualizando as novidades.
Minhas noites vinham sendo preenchidas com os estudos, eram tempos de começar a trabalhar e me transferi para o noturno.
Quando então a praça continuou sendo meu percurso, por um longo tempo eu a atravessei em ida e volta no caminho para o trabalho.
Foi que entendi porque não havia disputas pelos bancos já cravejados dos carimbos das andorinhas no período da tarde, naquela praça que também já chamara João Pessoa e da Bandeira por uns tempos e depois voltou a ser Mello Peixoto.
(Reveja outras crônicas - Clique na foto acima)