Conta de luz pode ter cobrança extra a partir de maio, apontam especialistas

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A piora nas previsões de chuvas para os próximos meses, aliada à manutenção das altas temperaturas, tem elevado as chances de acionamento da bandeira tarifária amarela já em maio. Caso isso ocorra, a conta de luz terá um acréscimo de R$ 1,88 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

Na última sexta-feira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmou a manutenção da bandeira verde para março, sem custo adicional aos consumidores. No entanto, especialistas do setor elétrico avaliam que a cobrança extra deve retornar a partir de maio e se estender pelo restante do ano.

Cenário hidrológico e preços de energia
De acordo com Guilherme Ramalho de Oliveira, sócio consultor da Ampere Consultoria, a bandeira verde deve permanecer até abril devido às condições favoráveis do período úmido. No entanto, ele alerta para uma tendência de degradação do cenário hidrológico e aumento do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), o que deve levar ao acionamento da bandeira amarela a partir de maio.

O gerente de Inteligência de Mercado da Electra Energy, Gabriel Apoena, também destaca o aumento do PLD previsto para março, que deve ultrapassar os R$ 300 por megawatt-hora (MWh), em comparação com valores inferiores a R$ 100/MWh em fevereiro. Esse aumento sinaliza um cenário energético mais desafiador para os próximos meses.

Projeções das consultorias e mercado financeiro
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) revisou suas previsões e agora aponta maior probabilidade de acionamento da bandeira amarela ainda no primeiro semestre. Na última atualização, além da bandeira amarela em maio, também há a possibilidade de bandeira vermelha patamar 1 em junho. Relatórios da XP Investimentos indicam um possível avanço para bandeira vermelha entre julho e novembro, com retorno para verde apenas em dezembro.

A PSR Energy, por sua vez, considera agora uma "chance considerável" de cobrança extra a partir de junho, enquanto a MCM Consultores Associados projeta bandeira amarela entre julho e novembro.

Reservatórios e o fim antecipado do período úmido
As mudanças nas previsões tarifárias estão associadas à antecipação do fim do período úmido, reduzindo o nível dos reservatórios das hidrelétricas. Se essa tendência se confirmar, a capacidade de geração das usinas será impactada, aumentando a necessidade de acionamento de termelétricas, que têm custo mais elevado.

Os consumidores devem se preparar para um possível aumento na conta de luz a partir do segundo trimestre, especialmente se as condições climáticas não melhorarem e os reservatórios não atingirem níveis satisfatórios.