Desesperada, paciente desiste de esperar por vaga de internação e vai embora da UPA de Ourinhos

Um caso que aconteceu em Ourinhos resume o desespero dos pacientes e a precariedade do sistema público de saúde. Uma mulher desistiu de esperar por uma vaga de internação depois de ficar quatro dias na UPA.
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O descaso na saúde com uma costureira de Ourinhos ganhou notoriedade na região ao ser reportado em jornal televiso (TEM Notícias na Globo) , nesta sexta-feira, 4. A mulher, que esteve interna na Unidade de Pronto Atendimento de Ourinhos (UPA24), por quatro dias seguidos, desistiu de esperar por uma vaga de internação na Santa Casa e foi embora. (Veja o vídeo da matéria abaixo).

De acordo com a matéria, reportada por Diogo Nolasco, na primeira edição do jornal “Tem Notícias”, da TV TEM (filiada da Globo), na tarde deste sexta-feira (4), a costureira Kátia Cristiane Miranda, procurou a UPA de Ourinhos, na última segunda-feira, 30, após passar mal e foi atendida, medicada, com suspeita de rompimento no cisto do ovário, mas, para comprovar o seu diagnóstico, ela teria que fazer exames específicos na Santa Casa de Ourinhos, onde ela faria os exames e ficaria internada, com a possibilidade de se realizar uma cirurgia, porém a sua espera foi muito longa, ela ficou até a tarde desta quinta-feira, 3, aguardando, de forma precária e não suportou mais esperar e foi embora da UPA.

A mulher conversou com a reportagem e relatou como foi os dias na UPA;

“No quarto dia me tiraram da cama e me colocaram numa maca muito pequena, que eu não conseguia nem ficar em cima dela direito, era muito incômoda. Não tinha nem a grade de segurança, não tinha nada”, contou a mulher que relatou ainda que o médico que atendeu não queria lhe dar alta.

“O Dr. disse que não poderia me dar alta, porque eu corria risco, porque se fosse o que ele estava pensando, um caso cirúrgico, seria perigoso, mas eu teria que ficar lá e esperar a vaga na Santa Casa, porque ele não tinha previsão de quando poderia ter essa vaga, porque ele tinha casos mais urgentes na frente”, contou.

A mulher ainda se disse indignada com a situação da saúde do município de Ourinhos.

“Me sinto muito triste, injustiçada, numa cidade deste tamanho não ter hospital”, disse a mulher revoltada.

A paciente ainda relatou que na maca em que ela estava não tinha nem uma escada para auxiliar para descer e ela teve que, muitas vezes, evitar de ir ao banheiro, que também é precário e não tem nem sequer tranca e quando precisa usar, alguém tinha que ficar segurando a porta para ela, que outras pessoas não vissem ela lá dentro, algo extremamente constrangedor e humilhante.

Respostas

Em contato com a diretoria da Santa Casa de Ourinhos, a reportagem recebeu a informação, que o hospital não recebeu qualquer pedido por parte da UPA, solicitando esta transferência da paciente, já que na Santa Casa tem quatro leitos de emergência para atender estes pedidos de transferência, tanto da UPA, como da central de regulação do estado, que atende outros municípios da região, ao todo 12 municípios.

Em contato com a prefeitura, a reportagem recebeu a informação que a prefeitura tem esta prerrogativa de solicitar estes quatro leitos, que tem sobre convênio, e que caso estejam ocupados, é possível abrir a “vaga 0”, para o caso de extrema urgência, porém o caso da paciente não seria considerado grave o suficiente para solicitar esta transferência.  

Ainda segundo a reportagem a paciente foi embora sem saber se vai, ou não, receber o atendimento hospitalar que necessita. Ela chegou a tentar uma vaga em outro município, mas não teria conseguido também.

 

Sobre a UPA

Prefeitura faz aporte de mais R$2,3 milhões à Pró Vida e estende contrato por mais um ano

Contrato da Prefeitura de Ourinhos com Organização Social Pró - Vida foi renovado até setembro de 2020 e reajustado em mais de 27%. Antes prefeitura destinava mensalmente R$ 1.004.668,98 e agora vai destinar R$1.278.219,47.

A Prefeitura de Ourinhos informou na última terça-feira, 1, que fez um aporte para que funcionários da UPA tenham seus direitos garantidos, já que o pagamento dos benefícios de vale refeição, fundo de garantia, INSS e férias está em atraso. A medida foi anunciada durante reunião entre representantes da prefeitura, sindicato da saúde, Câmara de vereadores e a empresa gestora da unidade, Organização Social Pró - Vida.

A iniciativa atende a um pedido da Pró - Vida que identificou um desequilíbrio financeiro diante das despesas da unidade e solicitou um auxílio à administração municipal. Os benefícios estão pendentes desde março deste ano.

O edital do termo de aditamento foi publicado nesta sexta-feira, 4, no Diário Oficial do Município com os valores e datas que os depósitos serão feitos. Confira abaixo a publicação:

De acordo com Cássia, serão pagos primeiro o vale refeição, depois as férias, e consequentemente, os outros benefícios faltantes, como FGTS e INSS.

De acordo com o site de Transparência da Prefeitura de Ourinhos, já foram pagos para a Organização Social Pró - Vida de 20/04/2018 a 06/09/2019 o total de R$17.079.372,70 (Dezessete Milhões, setenta e nove mil, trezentos e setenta e dois reais e setenta centavos), o que corresponde ao valor de R$ 1.004.668,98 (Hun milhão e quatro mil, seiscentos e sessenta oito reais e noventa e oito centavos) por mês.

Já o novo contrato, fora o aporte de R$ 2.305.558,01, será de R$ 15.338.633,64 (quinze milhões, trezentos e trinta e oito mil e seiscentos e trinta e três reais e sessenta e quatro centavos), em doze meses, o que corresponde a R$1.278.219,47, por mês, um acréscimo de 27,2% de aumento.

Reunião não teve a presença do prefeito Lucas Pocay (Foto: Divulgação)

 

Confira o vídeo da reportagem da TV TEM, que foi veiculada nesta sexta-feira, 4: