Dólar fecha em R$ 5,51, maior valor em dois anos e meio

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Nesta quarta-feira, 26 de junho, o dólar comercial registrou uma alta de 1,20%, encerrando o dia cotado a R$ 5,51. Este é o maior valor desde 18 de janeiro de 2022, quando a moeda fechou em R$ 5,55. O aumento no câmbio foi impulsionado pela piora no cenário externo e pelas incertezas fiscais após declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante a manhã, o dólar chegou a R$ 5,50 em menos de 30 minutos de negociação, refletindo a valorização da moeda no exterior e as falas de Lula ao portal UOL. O presidente mencionou que o governo está revisando os gastos da União, mas destacou a necessidade de avaliar se o problema é cortar despesas ou aumentar a arrecadação.

Lula também descartou a desvinculação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) do salário mínimo e renovou as críticas ao Banco Central, questionando a taxa de juros de 10,5% em contraste com a inflação anual de 4%. As declarações geraram desconforto no mercado, que já estava preocupado com o setor externo. Como resultado, a bolsa de valores apresentou queda.

Diego Costa, gerente de câmbio da B&T Câmbio, comentou que as declarações do presidente sugerem que o equilíbrio das contas públicas pode ser alcançado por meio de impostos, aumentando a tensão no mercado. Costa alertou que, sem uma revisão crítica das despesas, programas e projetos ineficazes podem continuar recebendo recursos, enquanto áreas prioritárias, como infraestrutura, educação e saúde, podem ficar subfinanciadas.

Além das questões internas, o dólar se fortaleceu globalmente, com o índice DXY subindo 0,42% e alcançando 106,5 pontos, seu maior nível em cerca de dois meses. A desvalorização do euro e do iene japonês contribuiu para essa alta, com investidores buscando proteção em meio a incertezas globais, como as eleições legislativas na França e a persistente inflação nos Estados Unidos.

O dólar já havia subido mais de 1% na terça-feira, após declarações de diretoras do Federal Reserve (Fed) indicarem que a inflação nos EUA não deve ceder este ano, mantendo o atual patamar de juros pelos próximos meses.