Droga que retarda a progressão do Alzheimer em estágios iniciais é aprovada nos Estados Unidos

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Nesta terça-feira, 2, a FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos) aprovou o uso do medicamento donanemab, que demonstrou retardar a progressão do Alzheimer em 60% para pacientes nos estágios iniciais da doença. A droga, desenvolvida pela farmacêutica Eli Lilly, será comercializada nos EUA sob o nome Kisunla.

Eficácia e Estudo Clínico
Os resultados da eficácia do donanemab foram publicados em 2022 na revista científica Jama (Journal of the American Medical Association). Anne White, presidente de neurociência da Lilly, destacou que a detecção e diagnóstico precoces podem mudar a trajetória da doença.

O estudo clínico incluiu 1.736 pacientes com Alzheimer leve, com idades entre 60 e 85 anos. Os resultados mostraram que a droga retardou a progressão da doença em 60% nesses casos, com efeitos menos robustos em pacientes mais velhos ou com estágios mais avançados da doença.

Efeitos Colaterais
Os efeitos colaterais comuns incluíram inchaço cerebral em até um terço dos pacientes, resolvido sem sintomas na maioria dos casos, mas resultando em três mortes. Hemorragia cerebral foi observada em 31% dos pacientes tratados com donanemab e em cerca de 14% do grupo placebo. A maioria dos casos foi controlada com monitoramento por ressonância magnética (MRI) ou interrupção do medicamento.

Benefícios e Monitoramento
Metade dos pacientes conseguiu interromper o tratamento após um ano devido à eliminação de depósitos cerebrais suficientes. Aqueles tratados com donanemab tiveram um risco 39% menor de progredir para o próximo estágio clínico da doença durante o estudo de 18 meses. O tratamento continuou a mostrar benefícios mesmo após a interrupção do uso do medicamento.

Próximos Passos
O g1 procurou a Eli Lilly do Brasil para saber se a empresa pretende solicitar aprovação da droga no país, mas ainda não obteve resposta. Nos Estados Unidos, a aprovação da FDA seguiu a recomendação unânime de um grupo de consultores, que considerou que os benefícios do medicamento superam os possíveis riscos para pacientes nos estágios iniciais da doença.

Os resultados completos do estudo foram apresentados na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer em Amsterdã e publicados no JAMA.