João Neto: A Solidão das Flores

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Havia lugares que, por desuso, a gente desligava a luz!

Nem precisávamos gritar: "Ô de casa!"... Não havia ninguém pra responder!

A melancolia e a tristeza era o cenário encontrado naqueles rincões distantes... A cena recorrente era o mato tomando conta do forno de barro, do galinheiro e do banheiro de madeira afastado da casa.

Havia a certeza de que a energia elétrica jamais voltaria a ser restabelecida, afinal, quem se arriscaria aventurar nesses lugares distantes de tudo.

A solidão das flores, nos jardins dessas propriedades, as tornavam feias, murchas ou ressecadas, sem contar o silêncio assustador e a sensação de estarmos sendo observados, talvez pelas almas de antigos moradores que ainda vagueiam no lugar.

Num dos últimos desligamentos ao qual efetuei antes de aposentar, cheguei já abrindo o transformador, retirando o medidor... Colhi alguns frutos de um limoeiro caduco.

Dei a volta em volta da casa e percebi tudo com aparência entristecida, desde o varal de arame farpado, até um arado antigo encostado num pé de abacates!

Observei portas e janelas tarameladas e o mato tomando conta até do tanque de cimento!

Atrás da casa, também em situação de abandono, um carro da Volkswagen, vermelho desbotado, tal qual uma camiseta dependurada no varal.

Carro abandonado (Foto: João Neto)

Acho que o dono foi embora sem ter conseguido levar o carro para o conserto, talvez o dinheiro tenha acabado antes da esperança em melhores dias!

Uma pena!

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