João Neto: Café moído na hora

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Eu era criança de tudo, mas o tempo não apagou da minha memória às vezes em que eu ia até a venda do Paixão, buscar café, moído na hora, pão e leite para minha mãe.

Eu esperava do lado fora do balcão, até que "Seu" Paixão me devolvia a "caderneta do fiado" com o café, o pão e o leite já anotados... A caderneta era uma espécie de documento de confiança na época. 

Aos meus olhos infantis, o ambiente da venda era estranho... Um monte de gente conversando e bebendo, o cheiro forte do fumo de rolo rescendia até na calçada, além de um cavalo amarrado no tronco de uma árvore capenga.

A venda ficava na Domingos Perino, quase esquina da Barão do Rio Branco, pertinho do Sesi 144.

Da venda até minha casa era um pulinho, trezentos metros no máximo.

Num dia desses, estive em Ourinhos, passei em frente a antiga venda do Paixão, o prédio continua como a cinquenta anos atrás (foto acima), porém, as portas fechadas dava um ar de melancolia no local, não havia nenhum personagem daqueles tempos: nem o Paixão, nem os fregueses, o fumo de rolo, o cheiro do café moído na hora, muito menos o cavalo amarrado.

Eu e esta minha estranha mania de achar que o tempo nunca passará!

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