João Neto: O tempo voa, amor

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Ainda agorinha, navegando por estas redes sociais, visualizei uma imagem que, em tempos distantes, fez parte do meu cotidiano infantil: Meu avô com sua charrete, carregada com material descartável.

Que maravilha era passear de carrocinha com vovô!

Quando a gente passava, a molecada da vizinhança ficava de olho comprido, como quem pedia pra passear também... Meu avô, bondoso, gritava:

- Vamos molecada, subam aí!

E meu avô seguia, com toda minha trupe, sempre o mesmo itinerário: da nossa casa no final da Barão do Rio Branco até a fábrica de carrocerias, perto do pontilhão da Jacinto Sá.

Tempos felizes, a gente fazia festa por todo percurso.

O que eu considerava "material descartável", na verdade, eram pedaços de madeira de boa qualidade, que vovô vendia para o dono da oficina, senhor Zé Maria - recebia um bom dinheiro e ainda ganhava pó de serra, para fazer fogareiro e forrar o chiqueiro.

O tempo passou depressa demais... Meus amigos nunca mais vi, o cavalo de vovô, que ele carinhosamente chamava de Getúlio, também envelheceu, foi parar no matadouro municipal.

Foto: Reprodução

Vovô virou estrelinha faz um tempão.

A verdade é que meu avô Biaggi, como toda pessoa que um dia partiu, foi caindo no esquecimento, desde meus amigos que um dia levou passear, até os parentes mais próximos.

Hoje, algumas criaturinhas, me chamam de vovô, me amam incondicionalmente, pedem colo, pedem para passear.

Espero, sinceramente, que nunca me esqueçam, porém, a história mostra que, todos cairemos em esquecimento, e seremos apenas uma imagem envelhecida ao lado de uma placa "aqui jaz".

Amem enquanto viver, afinal, diria Lulu Santos: "O tempo voa, amor!".

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