João Neto: Qual é o cheiro do nosso perfume?

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Bem lá, “lonjão” de tudo, num sítio indo para a Barra do Jacaré, no norte do Paraná, chegamos para executar o serviço de retorno da energia.

Enquanto preparávamos o ferramental e epi's para iniciar os serviços, um menino de uns onze anos, curioso, encosta na camionete e fica observando a gente trabalhar:

- Bom dia, garoto!

Apesar de curioso, ele respondeu nosso "bom dia" timidamente, acanhado como toda criança de sítio.

- Você fica atrás da camionete, é perigoso ficar muito perto.

Ele obedeceu, ficou sentado numa pedra, à espreita, observando cada movimento que a gente fazia.


Percebemos um certo encantamento por parte do menino, escondido atrás de seus óculos de alto grau.

Vendo todos nossos procedimentos não conseguiu disfarçar o sorriso no rosto.

Terminamos, o menino se aproximou e destampou a tagarelar:

- Quando eu crescer quero ser igual vocês!

- Não faz isto não, estude bastante para ser um médico, dentista, advogado ou empresário... Nosso serviço é muito perigoso!

- É, mas vocês dirigem esta “camionetona”, vão pra todo lado e ainda conversam nesse rádio com microfone aí dentro. Se eu conseguir trabalhar com vocês minha mãe ficará feliz.

- E tem mais, tio... Vocês falam "bom dia" e usam perfume!




Meu Deus... Às vezes, nós, mal-agradecidos, reclamamos de tudo, não nos valorizamos nem damos valor ao nosso trabalho, sempre queremos mais, muitas vezes esquecemos de nossas virtudes e qualidades.

Precisou um menino humilde, do sítio, com óculos fundo de garrafa, para nos dar este puxão de orelhas e cutucar nosso ego, falando de nosso valor.

Nunca nos esqueçamos que, em algum lugar, alguém pode estar se inspirando em nós.

Bom dia, para vocês também!