João Neto; Tudo outra vez!

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Não sei se foi fraqueza ou medo da inoperância, porém, eu, cidadão aposentado, não dei conta de permanecer mais tempo ocioso... Cansei de ficar em casa assistindo "Sessão da Tarde" ou conversando com as paredes.

Bastou aparecer um convite para meu retorno, nem pensei duas vezes... Ajustamos um atingível plano de trabalho, combinamos vencimentos e aqui estou eu, de volta ao fantástico universo rural, operando o emaranhado da sua rede elétrica.

Foto: Arquivo Pessoal/ João Neto

Retorno a estes caminhos de chão batido, de rincões distantes da cidade, de gente da melhor espécie... Conheço bem este mundo, conheço seu povo, suas encruzilhadas, seus ventos e seus rios.

O povo daqui permanece puxando enxada ou descansando em surradas cadeiras trançadas à taboa, povo que sorri e acena ao me ver passar.

Estou de volta ao mundo que sempre foi meu, simpático e acolhedor... Minha missão é manter a luz acesa, e isto eu sei fazer muito bem.

Agora, neste instante, vejo o mundo passar pelo parabrisas do veículo operacional, passa um cavaleiro tirando o chapéu em cumprimento, passa pontes, passa boi, passa boiada, passa um pé de manga rosa me convidando para saborear seus frutos.

O mundo continua doce, Flávia!

Os pássaros continuam estabanados, cantando felizes como sempre, me saudando como nunca... Um deles grita incessante:

- Bem te vi!

Ah... Eu também te vi, bem-te-vi!

Tudo isto está de volta e eu, feliz de montão... Enquanto sigo, ligo o rádio do carro que parece  adivinhar meu momento enquanto toca:

"Deus e eu no Sertão".

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