Justiça aceita denúncia contra policiais investigados na Operação Cama de Gato em Piraju; um deles também era vereador

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A Justiça aceitou a primeira denúncia apresentada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) contra quatro policiais civis, incluindo um vereador, envolvidos em um esquema criminoso desvendado pela Operação Cama de Gato, em Piraju (SP). Os acusados devem responder pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de capitais e coação.

O esquema criminoso
De acordo com o Ministério Público (MP), a investigação revelou que os policiais civis desviavam drogas de traficantes, incluindo aqueles ligados a facções criminosas. O grupo simulava prisões e abordagens para permitir que os traficantes fugissem, enquanto eles se apropriavam das drogas.

Os entorpecentes roubados eram enviados para comunidades no Rio de Janeiro, e os pagamentos provenientes do tráfico eram realizados por meio de "laranjas" para ocultar a origem ilícita dos valores.

Ampliação da organização
Além dos policiais civis, egressos do sistema prisional também participavam do esquema, atuando como intermediários para atrair traficantes e facilitar a troca de informações. O grupo possuía uma logística sofisticada, que incluía o uso de helicópteros para o transporte aéreo e interestadual das drogas, graças a um integrante habilitado para pilotar aeronaves.

Desdobramentos e prisão preventiva
Os policiais investigados permanecem presos, e as diligências continuam em busca de outros envolvidos no esquema. A operação também investiga a possível participação de outros membros das forças de segurança e criminosos ligados a facções organizadas.

A aceitação da denúncia representa um avanço significativo no combate à corrupção dentro das forças policiais, destacando o comprometimento do Ministério Público e da Justiça na responsabilização dos envolvidos.

Quatro policiais civis, entre eles um vereador, foram presos em setembro. O vereador é Paulo Rogério Cardoso (
PL), conhecido como Paulinho Policial. O Passando a Régua não conseguiu contato com a defesa do investigado. Os nomes dos outros policiais presos não foram divulgados.


O vereador é Paulo Rogério Cardoso (PL), conhecido como Paulinho Policial.

Na época, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a Polícia Civil instaurou um procedimento administrativo contra os policiais envolvidos, que podem perder o cargo na instituição ao fim das apurações.

Além do Gaeco, a Polícia Militar e a Polícia Civil participaram da Operação Cama de Gato. Foram cumpridos 12 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão nos estados de São Paulo, em cidades como Avaré, Piraju e Chavantes, e do Paraná.
 
Segundo o Gaeco, o esquema teve início em Carlópolis (PR), onde o grupo comprava drogas em grande quantidade e negociava armas de grosso calibre, incluindo fuzis.

A ação resultou na apreensão de R$ 105 mil em dinheiro e carros de luxo. Um dos detidos, em Piraju, chegou a destruir o celular para tentar ocultar sua participação no esquema.