Mesmo com a contaste falta de abastecimento de água, que os munícipes de Ourinhos vêm enfrentando, de forma mais sistémica a partir deste ano de 2019, a Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI da Superintendência de Água e Esgoto (SAE), na Câmara Municipal de Ourinhos, ainda não obteve qualquer resultado.
A CPI foi instaurada no dia 25 de fevereiro deste ano, através do Requerimento de nº.688/2019, que conta com as assinaturas dos Vereadores Flávinho do Açougue (PMDB), Vadinho (PSDB), Salim Mattar (PSDB), Carlinhos do Sindicato (PSB) e Caio Lima (PSC), com objetivo de averiguar e fiscalizar prováveis irregularidades da SAE que envolvem questões como a constante falta de água em quase todos os bairros de Ourinhos; os valores abusivos das tarifas de água e esgoto; a possível cobrança de ar nos medidores de água e a apuração do áudio gravado de conversas entre a diretoria e funcionários durante reunião da autarquia.
Mas, passados mais de 150 dias, sem contar o recesso parlamentar no mês de julho, a CPI composta pelos vereadores Carlinhos da Lambo (PSC), Ari da Autoescola (PSC), Anísio Felicetti (PL), Alexandre Zóio (PRB), Carlinhos do Sindicato (PSB), Cido do Sindicato (PSD) e Sargento Sérgio (PR), teria realizado de forma oficial apenas uma reunião e nem sequer teria ouvido funcionários da autarquia, ou até mesmo, verificado a fundo alguma documentação, que pudesse trazer esclarecimentos sobre os problemas apresentados, ainda no começo do ano.
Diante de tal inércia da CPI da SAE, que se encontra praticamente estacionada, mesmo com a população clamando por providências relacionadas a falta de água em diversos bairros de Ourinhos, o Passando a Régua esteve, nesta segunda feira, 26, na sessão ordinária da Câmara Municipal de Ourinhos e questionou o presidente da CPI, o vereador Carlinhos da Lambo (PSC), que recebeu a nossa reportagem e negou que a CPI estaria parada e afirmou que o relatório será apresentado no prazo, antes dos 180 dias previstos para o fim do prazo de entrega.
Carlinhos da Lambo na tribuna nesta segunda-feira, 26. O vereador estaria sofrendo pressão dos membros da CPI, que exigem a convocação de uma reunião, que deverá ser convocada para próxima quinta-feira, 29, na Câmara (Foto: Laperuta Jr.)
“Nós precisamos de informações técnicas, informações de Lei, para dar credibilidade para CPI. Vamos convocar uma reunião. Tivemos algumas reuniões sem convocar a comissão. Não tem necessidade de convocação, mas fizemos mais de uma reunião. O senhor acha que com a CPI resolve o caso (falta d’água) e não é assim. Nós temos consciência, não houve investimentos no passado. Por que o senhor não vai perguntar para quem fez a CPI que apresentaram dois papeizinhos? Eles são da turma do quanto pior melhor. Ninguém quer carregar o peso da falta d’água. Os membros vão discutir o relatório. Já fizemos um prévio relatório. Vamos apresentar para imprensa”, destacou o vereador demonstrando nervosismo.
Como o requerimento foi apresentado pelo vereador Flávio Luis Ambrozim (PMDB), nós também fomos ouvi-lo sobre a CPI da SAE. E Flávio mais uma vez criticou a postura do vereador Carlinhos da Lambo, que segundo ele não estaria falando a verdade. Flavinho ainda lamentou o fato de os membros da CPI serem todos da base do prefeito de Ourinhos Lucas Pocay, o que deve explicar a inércia nos trabalhos.
Flávio não aceita mais desculpas e quer a sequência da CPI para dar uma resposta à população, que clama para a melhoria no serviço de água e esgoto na cidade (Foto: Câmara Municipal de Ourinhos)
“Vazou um áudio de funcionários de mais de 20 anos de carreira dizendo para cargos de confianças - Estão fechando os registros sem critério, estão comprando produtos de má qualidade. E a Câmara Municipal não tem que apurar isso? Foi feita apenas uma reunião. Será que a CPI quer mesmo esclarecer o que está acontecendo? Na CPI só constam vereadores de situação. A CPI tem poder de polícia, ela pode ouvir os funcionários, e ter acessos aos documentos. O que estaria sendo demonstrado é uma certa falta de capacidade. Por que ele não quer investigar? Continua faltando água? Ele (Carlinhos da Lambo) não está falando a verdade, houve sim apenas uma reunião. Tem sim a necessidade de convocação, que tem que ser feita com antecedência, tem de seguir o regimento”, criticou Flavinho.
Outros fatos como divergências entre cargos de confiança e cargos efetivos na SAE, a possível compra de peças de má qualidade, a falta de material e infraestrutura para os funcionários trabalharem, o fechamento de registros de regiões sem necessidade e a perseguição à funcionários efetivos que não concordam com os métodos de trabalho utilizados pela chefia deverão também ser apurados pela Comissão Parlamentar de Inquérito. O prazo de funcionamento da Comissão será de 180 dias, prorrogáveis por igual período.
Confira as entrevistas realizadas pelo jornalista Gera Laperuta diretamente da Câmara nesta segunda-feira, 26, nos links abaixo:
Entrevista com Carlinhos da Lambo (Clique aqui)
Entrevista com Flavinho (Clique aqui)