Por João Neto: As luzes de Ourinhos

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Deus queria criar uma cidade fértil, assim te deu abundância de terras produtivas.

Deus te deu três rios, o Paranapanema foi presente para rimar com poema.

Te deu, além das terras cultiváveis, uma quantidade infinita de terra argilosa, para que, feito criança brincando, seu povo pudesse produzir tijolos e telhas, e assim ajudasse a construir nosso país.

Te deu um clima gostoso e suave, e ventos mansos para refrescar nossas manhãs.

Aí veio os desbravadores e te encheram de casas, ruas e avenidas. E te riscaram ao meio com portentosa estrada de ferro.

Nossa... Quando criança, nas viagens noturnas de trem, assim que eu avistava as luzes de Ourinhos, sinceramente acreditava que aqueles pontinhos brilhantes, feito ouro reluzente, que deram o nome à cidade: Ourinhos! Pensamentos bobos de criança!

Seu lema: "terra populusque aurei" ou "terra e povo áureos" não poderia ter sido tão justa.

Sim... Seu povo é sua maior riqueza, uma gente acolhedora e de inegável espírito humanitário.

Gente que construiu uma linda cidade e alguns monumentos de tirar suspiros.

Acho que, além da bondade de Deus em lhe proporcionar tantos recursos naturais, o mesmo Deus deu inspiração para seus filhos.

Nesse instante, olhando para esta caixa d'água gigante, tenho a certeza que seus idealizadores, mesmo que despercebidamente, criaram uma grande taça, sugerindo assim, um brinde a todos que por aqui passam, moradores ou forasteiros, um ato de grandiosa fraternidade universal!

Um brinde a Ourinhos!

Tim-tim!

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Este texto é do escritor João Neto, um escritor do cotidiano, foi rotulado, pelo crítico Lau Pacheco, como "piloto da caravela da saudade", em virtude do resgate de momentos vividos na infância e adolescência em Ourinhos. 

Após ter seu conto "Ainda Bem Que Você Veio" viralizado nas redes sociais, ficou conhecido em todo o Brasil. Publicou seu primeiro livro de contos e crônicas em 2019.

João Candido da Silva Neto nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo (SP) e veio para Ourinhos com 7 anos em 1967. Ele atuou na COPEL (Cia Paranaense de Energia) onde aposentou-se em 2019. Em 2012 se tornou escritor, tendo seus contos e crônicas publicados semanalmente na Folha de Londrina.