Por João Neto: O retorno ao Caló, quase 50 anos depois

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Ah, como eu amei!

Após minha participação no Podcast do "Passando a Régua", ao lado do meu colega de classe Geraldo Laperuta, acredito que, por termos falado tanto do nosso tempo de estudante, fui convidado pela direção do Colégio Caló a fazer um "tour" pelas dependências dessa minha amada instituição de ensino!

Que emoção, minha gente!

O espaço físico do prédio do Caló continua exatamente igual, exceto as necessárias grades de proteção que, nos dias atuais, transmitem uma inegociável sensação de segurança.

Prédio atual da Escola Estadual Domingos Camerlingo Caló, na Rua Duque de Caxias, 558 - Vila Recreio, Ourinhos (Foto: Gera Laperuta)

Os banheiros estão exatamente onde estavam há 45 anos atrás, o das meninas à esquerda da descida da escadaria, o dos meninos à direita - exatamente atrás do bebedouro.

A cantina está no mesmo lugar, só não senti o inconfundível cheiro do bolo de amendoim que ali era vendido, aquele bolo tinha gosto de divindade!

Puxa, por um instante fiquei preocupado com os estudantes, todos sem o tradicional e impecável uniforme do meu tempo: calça cinza, camisa branca e sapatos pretos, lembrando que o bolso da camisa trazia o nome da escola: CEDCC além de uma águia bordada. As meninas em vez da calça comprida usavam saia cinza plissada, somente um de acima dos joelhos, porém, generosas, dobraram o cós da saia para mostrar um pouco além do permitido! Duvido que eles teriam entrado sem uniformes se a Dona Fany estivesse cuidando do portão, ela mandaria todos de volta pra casa!

Também não vi Dona Amelinha pra carimbar as cadernetas de presença.

Emoção maior senti no instante em que subi a escadaria para o piso superior, me senti um menino de novo, com os mesmos sonhos dos tempos passados.

Foto: Arquivo Pessoal de João Neto

Quando adentrei na minha sala de aula, vazia, meu coração quase parou... Por um tempo fiquei sentado na penúltima carteira da fila do meio, meu lugar cativo, fecho os olhos e enxergo nitidamente todos personagens do meu tempo: amigos, professores, paqueras... Eu estava vivendo um sonho, retornando à minha escola quase 50 anos depois.

Foto: Arquivo Pessoal de João Neto

Como me fez bem os ensinamentos que recebi aqui, ainda que eu fosse um aluno 6,5... Tenho que agradecer todos que ajudaram na minha formação.

Foto: Arquivo Pessoal de João Neto

Obrigado ao Marcos e ao Marcelo por esse momento único, vocês nem imaginam o quanto fui feliz nesse lugar de luz!

Foto: Arquivo Pessoal de João Neto

Este texto é do escritor João Neto, um escritor do cotidiano, foi rotulado, pelo crítico Lau Pacheco, como "piloto da caravela da saudade", em virtude do resgate de momentos vividos na infância e adolescência em Ourinhos.  

Após ter seu conto "Ainda Bem Que Você Veio" viralizado nas redes sociais, ficou conhecido em todo o Brasil. Publicou seu primeiro livro de contos e crônicas em 2019.

João Candido da Silva Neto nasceu em Santa Cruz do Rio Pardo (SP) e veio para Ourinhos com 7 anos em 1967. Ele atuou na COPEL (Cia Paranaense de Energia) onde aposentou-se em 2019. Em 2012 se tornou escritor, tendo seus contos e crônicas publicados semanalmente na Folha de Londrina.