Prada compra Versace por US$ 1,4 bilhão e fortalece potência italiana no mercado global de luxo

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O Grupo Prada, um dos principais nomes da moda de luxo mundial, anunciou nesta quinta-feira (10) a aquisição da icônica grife Versace por 1,25 bilhão de euros, o equivalente a aproximadamente US$ 1,4 bilhão. A negociação, que vinha sendo discutida há semanas, marca um passo importante na consolidação de uma potência italiana no competitivo cenário global da moda.

Fundada em 1978 por Gianni Versace, a grife ganhou destaque internacional sob a direção criativa de Donatella Versace, irmã do fundador, que liderou a criação da marca por três décadas. Donatella deixou o cargo em março de 2025, encerrando um dos períodos mais emblemáticos da história da maison italiana.

Desde 2018, a Versace estava sob controle da norte-americana Capri Holdings, também proprietária das marcas Michael Kors e Jimmy Choo. À época, a Capri desembolsou cerca de US$ 2 bilhões pela grife — valor superior ao obtido agora com a venda à Prada, o que reflete os desafios enfrentados pela Versace nos últimos anos.

Analistas apontam que a marca sofreu com a ascensão da tendência do "luxo discreto" ("quiet luxury"), que tem atraído consumidores de alta renda interessados em peças com menos ostentação. O estilo exuberante e repleto de estampas da Versace acabou perdendo espaço neste novo cenário.

A aquisição representa mais do que uma simples movimentação de mercado: simboliza a tentativa da Itália de criar um grupo de luxo à altura das gigantes internacionais. Embora o país produza entre 50% e 55% dos bens de luxo pessoais do mundo, segundo estimativas da consultoria Bain, faltava-lhe um conglomerado de escala global comparável à francesa LVMH, dona da Louis Vuitton e Dior, ou à própria Capri Holdings.

Com valor de mercado de cerca de 14 bilhões de euros (US$ 15 bilhões), a Prada se posiciona como o maior grupo italiano de moda de luxo em receita. Ainda assim, é modesta diante da LVMH, cujo valor de mercado gira em torno de US$ 300 bilhões.

"A ambição da Prada de se tornar um conglomerado de luxo italiano líder é um movimento significativo em um mercado dominado por grupos franceses. É exatamente o que muitos italianos esperavam", afirmou Achim Berg, consultor da indústria de moda e luxo, à agência Reuters.

Com esse novo passo, a Prada acende um alerta para outras grandes marcas italianas, como Armani e Dolce & Gabbana, que continuam familiares e não listadas em bolsa. Seus rumos futuros poderão ser decisivos na formação de uma verdadeira potência italiana da moda no cenário internacional.

Com informações da Reuters e AFP.