Parece que antigamente fazia muito mais frio por aqui, mas no mês de junho nós o tornávamos mais suportável com as grandes e elaboradas fogueiras juninas.
Fotos de uma quadrilha no Grêmio Recreativo de Ourinhos em 1962, retirada do blog Memórias Ourinhenses (Foto: Francisco de Ameida Lopes)
Eram preparadas com muito esmero e truques, desde a lenha, a de queima demorada e a de manutenção, o pó de serra, de preferência raspa de piso com sintéko, que quando jogada fazia o fogo arrepiar, uma espécie de bucha que fazíamos com produtos inflamáveis, semi lacrados em uma lata que quando atingida levantava uma bola de fogo e outras artimanhas.
Bombinhas, granadas, busca-pés, diabo maluco, morteiros, rojões de vara e de lágrimas fósforos de cor de caixinha e do grande individual, bastão e vulcão de fumaça e bolas de fogo coloridas, uma rodinha que enfiada em um prego e acesa ficava girando soltando muita fumaça e apitando e muito mais.
As fotos são de uma quermesse, em 1956 possivelmente em benefício do Cine Clube de Ourinhos retirada do blog Memórias Ourinhenses (Foto: Autor não identificado - fornecida pelo Mocho)
E o mês todinho girava em torno do preparo das fogueiras, com muitas bombas, quanto maior a granada, maior seria o regaço nas latas usadas em cima delas quando acesas, para testar a potência, ía longe, às vezes estufava tanto à ponto de arrancar o fundo.
Nas famosas quermesses, normalmente atreladas a festas juninas promovidas pelas igrejas, com bingos, rifas de frango assado, churrasco no espeto mantidos na mesa enfiados em um suporte pesado de madeira com furos, quentão, pipocas e demais bebidas e comidas.
As fotos são de uma quermesse, em 1956 possivelmente em benefício do Cine Clube de Ourinhos retirada do blog Memórias Ourinhenses (Foto: Autor não identificado fornecida pelo Mocho)
Nos comunicávamos por correio elegante, os folhetinhos para escrever eram vendidos com finalidade filantrópica e direcionados para a paquera ou alguma pessoa que despertasse interesse, sem ser identificado, assim rolava a comunicação com dicas através de uma intermediadora, até descobrir quem era e em muitas vezes acabava em namoro.
E a quadrilha que às vezes também culminava em namoro entre os casais que participavam dos ensaios da dança.
Esta é uma cena do filme, tomada em Jacarezinho, na Fazenda Califórnia, existente no blog "Jacarezinho com amor", de 1963
Não era fácil, mas valia à pena, tudo era conquistado, tinha que ir à luta e por ser assim as coisas pareciam ter mais valor.
Dentre outras atrações que ofereciam premiações, a barraca mais disputada pela criançada era a do coelhinho que quando libertado do alçapão central erguido por uma cordinha, corria para uma das casinhas numeradas, com as prendas em cima, que formavam um círculo e limitavam a torcida frenética e barulhenta que endoidava o coitadinho, tinham uns que travavam com os olhos brilhantes, vidrados, esbugalhados e tinham que ser trocados.
A cadeia normalmente feita de bambu em que o escolhido para ser preso, tinha que pagar para sair.
Todo o dinheiro arrecadado era revertido para entidades assistenciais e as festas normalmente eram realizadas nos espaços de igrejas e colégios.
A mais antiga quermesse das que me lembro era ao lado da Igreja matriz, no grande terreno, antes de ser o INSS e o Cine Peduti e me lembro também de uma televisão só pegando chuviscos, que estava lá exposta como a mais recente novidade, chegando a nossa cidade.